02 de Fevereiro de 2017
Afinal, os vírus são seres vivos ou
não? Essa é mais uma daquelas grandes questões da biologia que
permanece sendo alvo de intensos debates e aos poucos a comunidade científica
vai chegando a um consenso.
De um lado alguns defendem que não e
alegam que eles são seres inanimados que necessitam de uma célula
hospedeira para se reproduzirem, além de não possuírem uma estrutura celular –
isso é o que você provavelmente aprendeu na escola. De outro, há evidências
cada vez mais fortes de que os vírus são sim seres vivos. Vamos conhecê-las?
Um estudo publicado
na Nature em 2008 mostrou que os chamados mimivírus –
vírus gigantes que infectam bactérias – podem ser infectados por outros vírus
chamados de Sputinik. O fato de que alguns vírus podem adquirir doenças causadas
por outros vírus, portanto, é umas das evidências que contraria a ideia de que
eles são seres inanimados.
Ainda, ao contrário da maior parte
dos outros vírus, os mimivírus são capazes de produzir proteínas complexas –
mais um ponto que reforça sua classificação como um ser vivo.
Cientistas também
descobriram que os mimivírus possuem um sistema de defesa muito similar ao
sistema CRISPR, encontrado em bactérias e outros microrganismos
– isso mesmo, o sistema que deu origem à moderna técnica de edição de genoma. Vale lembrar que os vírus também
compartilham um mesmo tipo de código genético com os organismos que chamamos de
seres vivos.
lustração dos
mimivírus, vírus que possuem características que levam os cientistas a
questionarem se os vírus são mesmo seres inanimados. © nobeastsofierce |
Shutterstock.
O compartilhamento
de características com os seres considerados vivos leva os cientistas a crerem
que os vírus fazem parte da chamada árvore da vida e dividem com os seres vivos também
uma história evolutiva. Um estudo de 2015 publicado na Science Advances também encontrou evidências que
suportam a hipótese de que eles são entidades vivas que compartilham uma
história evolutiva com as células que conhecemos hoje.
Por isso, considerando a definição de
seres vivos que sempre aprendemos na escola, poderíamos dizer que os vírus
estão no meio do caminho entre os seres vivos e não vivos, numa espécie de zona
cinzenta. Isto é, apesar deles possuírem várias características que podem
caracterizá-los como seres vivos, eles não possuem todas as necessárias!
Em casos como este, cabe aos
cientistas rever estes limites – a definição do que é um ser vivo, por exemplo
– afinal, a biologia não é uma ciência exata e sempre há exceções. Os vírus
parecem ser uma delas. Todas estas evidências encontradas levam a crer que os
vírus são sim seres vivos, porém desprovidos de células. Atualmente, grande
parte da comunidade científica já reconsidera a reclassificação destes
organismos e parece que estamos caminhando rumo à sua inclusão definitiva no
seleto grupo dos seres vivos!
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